Pelas estatísticas do governo chinês, que adota metodologia diversa, os números da participação da China na balança comercial brasileira são ainda maiores. “É ainda significativo que a Ásia tenha superado a América Latina como parceiro comercial do Brasil”, completa Durval de Noronha Goyos Jr., que é árbitro da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Comissão Internacional de Arbitragem Comercial da China (CIETAC). Para o especialista, as medidas internas de combate à crise na China causaram um impacto positivo nas exportações brasileiras.

“Muito maior do que as próprias ações tardias, desencontradas, trôpegas e pífias tomadas pelo governo do Brasil”, comenta ele. “Apenas em abril deste ano, mais de seis meses do desencadear da fase aguda da crise, o Banco Central reduziu a taxa Selic para 10,25%, o que coloca a taxa real brasileira próxima dos 5% ao ano, ainda uma das maiores do mundo”, diz. Na China, compara ele, as taxas de juros são hoje negativas em 0,5%. Como conseqüência, o real continua supervalorizado, o que prejudica as exportações brasileiras.

Outras medidas de apoio econômico na China, continua Noronha, tomadas em outubro de 2008, “quando o governo do Brasil ainda falhava de maneira dramática no diagnóstico do impacto da crise em nosso país”, fizeram com que a economia interna do país oriental continuasse aquecida.(SC)

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