O Prof. Dr. Hugo João Felipozzi foi natural de Cajuru, Estado de São Paulo, filho de família de imigrantes italianos. Quando criança, morou por alguns anos em Cuneo, no Piemonte. Formou-se em Medicina na Faculdade Paulista, em São Paulo, tendo estudado e trabalhado no Medical College and Hospital, Baltimore, Mayo Clinic, Stanford Hospital, Georgetown University e Harvard University, nos Estados Unidos da América, na década de 50. Foi professor catedrático na Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e na Faculdade Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Além do português, falava fluentemente o inglês e o italiano.

Regressando ao Brasil, realizou, em novembro de 1956, a primeira operação de cirurgia com circulação extra-corpórea na América Latina, fundando assim a cirurgia cardíaca no continente. Foi, por decorrência, aclamado, nas palavras do Prof. Otoni Moreira Gomes, “o pai da cirurgia cardíaca brasileira”. Para que pudesse promover a circulação cardíaca extra-corpórea, o Prof. Dr. Felipozzi inventou uma máquina coração pulmão artificial, produzida no Brasil com a ajuda de um mecânico brasileiro, Victorio Landolfi. Recusou-se a patentear este seu invento, como os demais, já que desejava fossem eles de uso corrente para uso humanitário.

Inventou também o primeiro marca-passo cardíaco na América Latina, bem como a primeira prótese cardiológica. Foi pioneiro ainda no primeiro transplante de válvula aórtica humana, o introdutor da autotransfusão intra-operatória e foi nada menos do que o criador da Unidade de Terapia Intensiva, a UTI. Divulgou o Prof. Dr. Felipozzi suas invenções, bem como ensinou suas técnicas e inovações a todos quantos por ela se interessaram, no Brasil e no exterior, para onde inclusive levava seus inventos. Foi apoiado em sua atividade científica pela Fundação Anita Pastore D’Angelo.

O Dr. Felipozzi operou até os 70 anos, tendo realizado mais de 10 mil cirurgias cardíacas, o que representa uma média de mais de uma por dia durante 40 anos. Dedicou sua vida ao atendimento médico e à atividade científica. Com toda sua autoridade, tinha a modéstia dos grandes homens e era avesso tanto à publicidade desmesurada quanto aos riscos impossíveis. Transmitia a seus pacientes e respectivas famílias uma segurança e tranqüilidade que a todos confortava. Era atencioso com todos os colegas e discípulos e, com nobreza de espírito, considerava o apoio humano ao paciente e sua família como uma parte essencial de sua atividade, despendendo horas a fio neste mister.

Para sua vida particular, levava todos esses atributos de grande homem, mais a tolerância, a seriedade pessoal, a serenidade e uma grande dedicação amorosa a todos que o cercavam, no pouco tempo que dispunha. Foi um filho, irmão, marido, genro, cunhado, pai, avô, sogro, sócio e amigo exemplar. Não há amigo que tenha tido um problema qualquer de saúde que não tenha solicitado e obtido o carinhoso acompanhamento do Dr. Felipozzi. Como sócio, seu grupo médico permaneceu intato e funcional por cerca de 53 anos, um caso único! Como genro, dedicou um amor filial aos seus sogros e apoiou o sogro Agostinho Janequine, quando este tornou-se a primeira vítima empresarial do arbítrio da ditadura militar.

Casou-se com Thaís Bandeira de Mello Janequini Felipozzi, com quem teve 4 filhos: Silvio Agostinho, Beatriz Rosália, Thaís Argemira e Eliana Maria. Deixa os netos Anita Felipozzi de Noronha Goyos e Gabriela Felipozzi de Noronha Goyos; Luigi Felipozzi e Pietro Felipozzi; Caio Doria Vasconcelos e Patrick Felipozzi; e Mariana Felipozzi Nader.