SÃO PAULO – Desde o final da 2ª Guerra Mundial, a política externa do Japão tem se caracterizado pelo pacifismo, de um lado, e por uma aliança política subalterna com os Estados Unidos da América (EUA).
Com a notável recuperação econômica do país, notadamente a partir da década de 60, o Japão passou a perseguir uma política externa, tanto benigna como eficaz, caracterizada por ações financeiras voltadas à cooperação e ao desenvolvimento econômico dos países chamados emergentes.
Tais ações altamente positivas foram sentidas em todo o mundo e particularmente no Brasil, que hoje hospeda aproximadamente 1,4 milhão de japoneses e seus descendentes, os quais, através dos anos, têm grandemente contribuído para o crescimento nacional e engrandecimento de nossa cultura.
Em nosso país, a cooperação financeira com o Japão deu-se particularmente através do Japan Bank for International Cooperation (JBIC), uma agência estatal que concede empréstimos a longo prazo e com juros subsidiados para projetos visando o avanço econômico e social. O histórico dessa cooperação vem desde 1971 e abrange dezenas de projetos nas áreas de energia, ambiental, papel e de assistência social, dentre outras.
O valor do total dos desembolsos japoneses para o Brasil situa-se por volta de US$ 3 bilhões de dólares. Em São Paulo, o meritório projeto de despoluição da bacia do Rio Tietê beneficiou-se de um desses empréstimos, da mesma forma que o esforço análogo de limpeza da Baia da Guanabara, no Rio de Janeiro.
Na área ambiental, a Petrobras assinou recentemente um protocolo com o governo japonês a respeito da produção e venda do etanol, a longo prazo, para o mercado japonês.
Igualmente, o Japão foi, em 2006, o maior comprado mundial das Reduções Certificadas de Emissão (RCEs), objeto do Protocolo de Kyoto, com 38% do total global. O Brasil foi o segundo fornecedor de RECs para o Japão, com 10% do total.
O Ministério da Economia do Japão disponibilizou a importância de cerca de US$ 106 bilhões para os fins de aquisição de créditos de carbono sob o Protocolo de Kyoto, o que dará ainda maiores oportunidades de cooperação e desenvolvimento ambiental com empresas brasileiras, que se farão sentir a médio e longo prazo.
Na área política, nos últimos anos a política externa japonesa tem se mostrado mais afirmativa, como denotam os esforços para a obtenção de um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), conjuntamente com o Brasil. Da mesma maneira, o Japão procura hoje fazer frente a uma crescente influência da China e mesmo da Rússia, no oriente.
Tanto o governo do primeiro-ministro Junichiro Koizumi, bem como o de seu sucessor a partir de setembro de 2006, Shinzo Abe, tem conduzido a política externa do Japão com tons mais assertivos, o que deve ser muito bem acolhido pela comunidade internacional, sedenta de influências benéficas e pacifistas.
Advogado admitido no Brasil, Inglaterra e Gales e Portugal. Formou-se em direito pela PUC-SP em 1975. Árbitro do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) e da OMC (Organização Mundial do Comércio), e professor de direito do comércio internacional na pós-graduação da Universidade Cândido Mendes (RJ).