Publicado no sítio vermelho.org.br, São Paulo, Brasil, 28 de janeiro de 2016.

O Banco Central do Brasil (BCB) divulgou nesta semana, no dia 26 de janeiro de 2016, as estatísticas de transações correntes do Brasil em 2015. Segundo os dados apresentados pelo BCB, o dficit do Brasil nas operações de bens, serviços e rendas com o exterior caiu 43%, com relação ao ano de 2014, ficando em US$ 59 bilhões, contra US$ 104 bilhões no ano anterior.

O resultado foi mais do que compensado pelos investimentos estrangeiros diretos no Brasil naquele período, que chegaram a US$ 75 bilhões, o que produziu um saldo positivo de US$ 16 bilhões.

À guisa de comparação, o deficit dos EUA em transações correntes excede US$ 400 bilhões e, aquele do Reino Unido, é superior a US$ 114 bilhões. Canadá, Austrália e Índia têm um deficit aproximado ao do Brasil, mas não atraem os mesmos volumes de investimentos estrangeiros diretos, nem têm reservas em moedas estrangeiras tão significativas. Hoje, as reservas externas brasileiras se equiparam a nada menos do que 50% daquelas de toda a área do Euro, composta por 17 países.

O anúncio do bom resultado deve melhorar a percepção no exterior da vitalidade da economia brasileira, depois de feito o necessário ajuste cambial para um patamar compatível com a realidade. Nos anos anteriores, a supervalorização da moeda brasileira tirava a competitividade internacional de nossa economia e dava um perverso incentivo aos fornecedores estrangeiros. O Real era uma das quatro moedas mais supervalorizadas do mundo. Por conseguinte, as compras de bens e serviços no exterior eram encorajadas.

Com o ajuste cambial, nosso agronegócio, um dos mais eficientes do mundo, adquire ainda maior competitividade natural e nossa combalida indústria, prejudicada pelos anos de adversidade na política cambial, retoma tentativas de se reinserir nos mercados internacionais. Esse processo levará certamente alguns meses, mas terá desfecho seguramente favorável pela experiência externa adquirida por muitas empresas, inclusive nas importações de bens e produtos estrangeiros, que serão substituídos em grande parte.

As novas perspectivas de competitividade internacional do Brasil irão encorajar investimentos internos e externos, com o objetivo de conquistar novos mercados e aumentar a oferta. A economia, por conseguinte, irá reagir no segundo semestre de 2016. Essa visão é compartilhada por um dos maiores brasilianistas chineses, o ex-embaixador chinês no Brasil, Chen Duqing que, em artigo publicado na imprensa da China neste mês, afirmou ser a vilificação do Brasil muito exagerada, que a economia brasileira tem muitas áreas fortes, que as reservas externas do País estão intactas e com viés de crescimento, e que os nossos problemas são mais de ordem política que econômica.