São Paulo – Faleceu em São José do Rio Preto, em 23 de maio próximo passado, o grande advogado paulista, Waldemar Alves dos Santos, nascido naquele município, em 25 de julho de 1938. O dr. Waldemar formou-se pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1963, após o que montou sua banca na sua terra natal. No início, trabalhava só, como era comum naqueles tempos. Lembro-me vividamente de seu modesto escritório na Galeria Bassit.
Foi presidente da sub-seccional de 1995 a 1997 e conselheiro da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil de 1998 a 2000. Foi o clássico advogado militante: defendia seus clientes com competência, paixão, e com uma singular sensibilidade humana. Ocorre-me até hoje sua resposta quando, ainda acadêmico de direito, pedi-lhe, em 1973, que fizesse o inventário de meu pai, que fora seu amigo e cliente: “cumprirei esse dever dolorosamente”. Não me cobrou honorários.
Uma parte importante de sua advocacia era dedicada em benefício da população carente. Suas atividades realizadas pro bono publico eram tantas que o seu número era desproporcional à atividade remunerada, do que o dr. Waldemar Alves dos Santos jamais reclamou. “A advocacia é um serviço público, às vezes remunerado”, dizia. Em muitas oportunidades, seus clientes gratuitos traziam-lhe, como demonstração de gratidão, galinhas, perus e produtos hortifrutigranjeiros.
Um cavalheiro de primeiríssima ordem, quando era presidente da sub-seccional riopretense, pedi-lhe que abrisse a Casa do Advogado para que eu pudesse apresentar aos colegas da região um candidato à presidência da seccional paulista, que eu apoiava na ocasião. Ocorre que o dr. Waldemar Alves dos Santos fazia parte da chapa de outro candidato. Mesmo assim, não apenas acolheu-nos pessoalmente na Casa do Advogado, como comunicou à classe a visita e, ele próprio, ligou a diversos de meus amigos para informar do evento.
Sua vida social foi marcada igualmente por inúmeros exemplos de solidariedade e de ações em benefício da comunidade. Dentre tais ações está a criação da FULBEAS, extraordinária e exemplar iniciativa comunitária educacional em apoio aos menores carentes da região, um grande sucesso até hoje.
Modesto e avesso à publicidade, tinha suas qualidades amplamente reconhecidas pela comunidade. Assim, foi ainda presidente do conselho deliberativo do Palestra Esporte Clube, entidade fundada pela numerosa colônia italiana da região, que mantém ainda hoje sólidos vínculos culturais com a pátria de Dante.
O escritório do dr. Waldemar Alves dos Santos continua em plenas atividades em São José do Rio Preto, conduzido por sua viúva, Venina Pinheiro dos Santos e por Maxuel José da Silva, que colocam em prática todo o muito que aprenderam com o formidável advogado. Seu velório, naquela cidade, recebeu a última e comovida homenagem de centenas de pessoas.
Waldemar Alves dos Santos, advogado, 1938-2008.
Advogado admitido no Brasil, Inglaterra e Gales e Portugal. Formou-se em direito pela PUC-SP em 1975. Árbitro do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) e da OMC (Organização Mundial do Comércio), e professor de direito do comércio internacional na pós-graduação da Universidade Cândido Mendes (RJ).