São Paulo – O comércio bilateral entre o Brasil e Angola atingiu, em 2006, o expressivo
valor global de US$ 1,3 bilhão, composto de exportações brasileiras de cerca de US$ 840 milhões
e importações de US$ 460 milhões, gerando um saldo favorável ao nosso país de aproximadamente
US$ 380 milhões. Para o ano de 2007, estima-se que esse volume deverá crescer mais de 10%!
Trata-se de auspiciosa notícia, já que são profundos os laços históricos que ligam o Brasil a
Angola e, ademais, o crescente intercâmbio comercial irá proporcionar, para além dos benefícios
econômicos, um adensamento das relações culturais, sociais e humanas entre os dois países.
De fato, grande parte da população brasileira origina-se em Angola. O quimbundo, uma das línguas
do país africano, foi idioma geral no Brasil por centenas de anos, até o final do século XIX,
nas regiões do Rio de Janeiro e de Pernambuco. Até hoje, milhares de vocábulos do quimbundo
enriquecem a língua portuguesa falada no Brasil.
O primeiro europeu a oficialmente chegar à região onde hoje se encontra Angola foi o navegador
português Diogo Cão, no século 14, quem reivindicou o território como colônia da coroa
portuguesa. Durante a guerra dos 30 anos, no início do século XVII, Angola foi tomada pelas
forças holandesas, afinal expulsas por tropas brasileiras enviadas do Rio de Janeiro.
Deu-se a independência de Angola de Portugal em 1975, após sangrenta guerra de libertação
nacional, tendo sido o Brasil o primeiro país a reconhecer a nova república, apesar da oposição
dos EUA. Após a independência, grassou pelo país uma violenta guerra civil que durou cerca de 27
anos, até 2002.
Com um vasto território, de aproximadamente 1,3 milhão de quilômetros quadrados, uma população
de apenas 16 milhões de pessoas, e vastas riquezas naturais, incluindo o petróleo, diamantes,
ouro e platina, Angola será certamente um dos países africanos a ter maior nível de prosperidade
e desenvolvimento econômico nas próximas décadas.
A agricultura de Angola representa hoje a maior parte de seu produto interno bruto,
destacando-se as produções de algodão, tabaco, borracha e a pecuária. Na área industrial,
destaca-se o refino de petróleo, setor responsável pela quase totalidade das exportações
angolanas para o Brasil, hoje. Por sua vez, a pauta das exportações brasileiras é mais
diversificada.
A língua oficial de Angola é o português, muito embora o país tenha ainda cerca de 20 idiomas
nativos, inclusive o quimbundo. Os laços históricos existentes entre os dois países, costumes e
língua comuns, fizeram com que várias empresas brasileiras de todos os portes se estabelecessem
em Angola assim que a situação política permitiu, notadamente nos setores de construção civil e
petroquímico.
Essa experiência tem sido altamente positiva e é de se esperar um expressivo aumento da presença
comercial brasileira em Angola, para benefício recíproco dos povos de ambos os países.
Advogado admitido no Brasil, Inglaterra e Gales e Portugal. Formou-se em direito pela PUC-SP em 1975. Árbitro do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) e da OMC (Organização Mundial do Comércio), e professor de direito do comércio internacional na pós-graduação da Universidade Cândido Mendes (RJ).