Brasileiros temem chineses

Os empresários nacionais são, de uma maneira geral, mais temerosos da competição chinesa do que entusiastas na busca de oportunidades existentes no país asiático. “Eles se preocupam mais com medidas artificiais de proteção comercial do que iniciativas pró-ativas do nosso governo para que as condições do custo brasileiro sejam mais compatíveis com a competição internacional, bem como ações de mercado na China para desenvolver a colocação de nossos produtos”, afirma Durval de Noronha Goyos Júnior.

Poucas empresas

Segundo Noronha, o número de empresas brasileiras na China, menor que 100, é inferior ao de companhias chilenas, próximo a 200, sendo que o Chile tem uma economia com tamanho equivalente à da cidade de São Paulo. “Apesar de ter a China se tornado o maior comprador de produtos brasileiros, não há nenhuma agência comercial de bancos brasileiros naquele país, mas apenas duas representações, que não podem realizar negócios”.

Hoje, nenhuma companhia aérea brasileira voa para o país oriental e, conforme Noronha, as gestões de promoção da cultura e produtos brasileiros na China são praticamente nulas. “Para que o empresário chinês possa conseguir obter um visto de entrada no Brasil, deverá passar por uma experiência humilhante e um processo vagaroso e burocrático”, afirma o advogado, especialista em Direito Internacional.
Pelo desconhecimento que o empresário chinês tem do Brasil, há uma resistência a fazer investimentos no País. Na avaliação de Noronha, a alocação de recursos no País por parte de empresários chineses propiciaria um aumento das vendas com valor agregado e maior atividade econômica interna.

Aquecimento

Durval Noronha acredita que a próxima visita do presidente Lula à China — iniciada ontem e que deve ser concluída dia 28 deste mês, passando também por outros países asiáticos — não deverá trazer benefícios de monta às relações bilaterais. “ Foi uma missão mal-preparada na formatação da agenda, desfocada dos pontos principais estratégicos nas relações comerciais bilaterais, e desorganizada por parte dos brasileiros, e no programa a ser por ela cumprido”, argumenta.

O advogado alerta que é importante que governo e empresários brasileiros dêem maior atenção à China e, assim, aos demais países da Ásia, porque é neste continente que ocorre hoje a retomada da economia planetária ante a crise mundial. “A partir da Ásia será formatada a nova economia para as próximas décadas”. (SC)

ATENÇÃO

"Empresários e governo brasileiro deveriam dar mais atenção à China, bem como a toda a Ásia"
Durval de Noronha Goyos Júnior
Advogado

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=639153