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A revolução delas
As mulheres começam a impor às empresas um novo ritmo de trabalho, que permite conciliar carreira, família e projetos pessoais. Esse é o tema de Womenomics, livro que mostra como as americanas estão mudando o cenário corporativo. Aqui, cinco executivas brasileiras discutem seu papel e o das empresas nessa mudança de paradigma
Elisa Tozzi 08/12/2009

 O que diz o livro
1 | Desequilíbrio como vilão
O conflito entre trabalho e vida pessoal é o principal fator para as mulheres com "alto potencial" largarem seus empregos. Um estudo de Harvard mostra que cinco anos após o fim do curso universitário, 62% das mulheres com mais de um filho não estavam trabalhando ou trabalhavam apenas em meio expediente.

O que elas pensam
"A gente se reprime por gostar de trabalhar e ter que deixar o filho com a babá, e pensa em desistir. Mesmo assim é possível conciliar. Todo mês eu converso com meu marido para cruzar as nossas agendas e a do nosso filho, que é cheia de atividades. Assim conseguimos cumprir todas as tarefas, além de dar atenção a ele.” (MÁRCIA)

"O fundamental é estabelecer limites próprios. Em casa não me conecto a smartphone e notebook. No escritório, não atendo telefonemas pessoais. E dou um jeito de ter um tempo só pra mim. Acordo todos os dias às 5 da manhã para fazer ginástica por uma hora e meia.” (PATRÍCIA)

O que diz o livro
2 | Flexibilidade é a chave
A fabricante de alimentos americana General Mills perguntou qual, entre três fatores, seria o mais importante para que haja equilíbrio em suas vidas. Um horário de trabalho flexível foi apontado por 53% das mulheres como o ponto principal. E 61% disseram que era essencial para que continuassem na empresa.

O que elas pensam
"É muito complicado ter flexibilidade no setor de serviços. Não posso dizer a um cliente que vou trabalhar só meio dia. Por isso perdi a primeira festa de Natal da escolinha da minha filha. Eu coordenava um evento com 50 executivos, não podia cancelar. Meu marido e minha sogra (que sempre me salva) foram no meu lugar.” (LUCIANA)

" Consegui flexibilidade ao longo dos anos. Hoje tenho o luxo de entrar mais tarde no escritório e dedicar duas ou três horas de minhas manhãs aos meus filhos. Chego por volta das 10 da manhã, saio em torno das 9 da noite. Evito o trânsito e não chego em casa de cara fechada.” (LÍLIAN)

O que diz o livro
3 | Fuga do poder
Estudo do Family and Work Institute destacou o que, até recentemente, parecia um sacrilégio: as mulheres muitas vezes não querem ser promovidas. Em 1992, 57% das universitárias afirmaram que pretendiam assumir cargos mais altos. Em 2007, apenas 28% queriam maior responsabilidade na empresa em que estavam.

O que elas pensam
"Discordo. Meu objetivo é atingir o ponto máximo: ser a melhor do mundo no meu ramo. No entanto, vejo e aconselho profissionais que preferem desistir de cargos mais altos para se dedicar à família. Talvez a gente não queira o lugar do presidente. O planejamento de carreira é uma questão pessoal.” (VERA)

"A Reckitt já me deu oportunidade de liderança internacional e eu não pensei em recusar. Para isso meu marido abandonou seu emprego para viajar comigo aos Estados Unidos e aproveitou para fazer um MBA. Engravidei lá e voltei. Ele correu para concluir o MBA em tempo recorde e chegou pouco antes de o bebê nascer.” (MÁRCIA)

O que diz o livro
4 | Mulheres e produtividade
A Pepperdine University realizou uma pesquisa em 215 empresas das 500 maiores empresas americanas. O estudo revelou que as companhias com mais registros de promoção feminina ficaram 116% acima da média em termos de rentabilidade sobre patrimônio líquido, 46% em termos de receita e 41% em termos de ativos.
O que elas pensam
"A mulher está mais preparada para o ambiente de trabalho atual, com fusões, crise econômica etc. Mudanças de cenário são constantes e exigem rapidez de adaptação, característica bem feminina. Vejo que nós, mulheres, nos adaptamos muito bem a essa instabilidade.” (VERA)

"No Brasil é raro ter mulheres na liderança. No meu escritório de São Paulo só existem duas em altos cargos. Somos admiradas. Os homens não entendem como conseguimos conciliar tantas atividades: o trabalho, os filhos, o marido, o projeto voluntário… Isso aumenta nossa competitividade profissional.” (LÍLIAN)

| QUEM SÃO ELAS

LUCIANA MEDEIROS VON ADAMEK diretora de consultoria da PricewaterhouseCoopers, 36 anos, um filho de 2 e uma filha de 5 anos

VERA SAICALI diretora de RH do HSBC, 48 anos, um filho de 14 anos e uma filha de 15 anos

MÁRCIA BOLÉ diretora de pesquisa e desenvolvimento da Reckitt Benckiser, 42 anos, um filho de 5 anos

PATRÍCIA MÉDICE gerente de publicidade do grupo de comunicação Bloomberg, 38 anos, mãe de gêmeos de 7 anos

LÍLIAN THOMÉ sócia da Noronha Advogados, 40 anos, dois filhos, de 4 e 2 anos