Shanghai – O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, declarou no dia 17 de abril de 2009 que a economia chinesa está reagindo bem ao pacote de medidas tomadas em novembro de 2008, e posteriormente, com o intuito de fazer frente aos efeitos da crise econômica que afeta o mundo. O “premier” chinês observou que, apesar do crescimento econômico do país ter se situado no patamar de 6.1% no primeiro trimestre deste ano, o menor nível em 17 anos, os indicadores de investimentos, consumo e produção industrial são encorajadores.       

No entanto, Wen mostrou cautela e ponderação ao advertir para o fato de que os efeitos da crise financeira internacional ainda estão a se espalhar mundo afora. Assim, a sociedade foi advertida dos efeitos de excessivo otimismo, o que foi reforçado na mesma data pelo presidente do Banco Central Chinês, Zhou Xiaochuan.       

Essa posição cautelosa está baseada na constatação de que a solução dos problemas fundamentais do sistema financeiro mundial ainda não foi obtida e que, por conseguinte, a economia real mundo afora continua a ser afetada de maneira adversa. Como conseqüência, o líder chinês adverte que a recuperação econômica global pode ter um caminho tanto longo quanto tortuoso.

Wen declarou que a crise trouxe grandes e graves desafios à economia chinesa nas áreas econômica e social, como decorrência do declínio pronunciado nas exportações, capacidade ociosa nas indústrias, frustrações na política de geração de empregos e ineficiência na produção agrícola.       

Contudo, ao falar no fórum asiático BOAO, realizado na semana passada na província de Hainan, Wen mostrou-se otimista a respeito do papel a ser desenvolvido pelos países da Ásia na recuperação mundial. Disse ele ser a Ásia o novo pólo da prosperidade mundial, o que parece ser uma constatação bastante acertada, tendo em vista os indicadores de desempenho econômico mais recentes.

De fato, nas previsões de Março do insuspeito Banco Mundial, publicadas dias atrás, apesar de uma revisão para baixo de 1.4%, estima-se que as economias em desenvolvimento da região asiática crescerão neste ano o importante percentual de 5.3 pontos, o que vem a corroborar plenamente a assertiva do líder chinês.

Segundo observou o “premier” Wen, “ a Ásia é hoje uma das mais dinâmicas e promissoras regiões na economia mundial. Juntos, compreendemos 60% da população mundial, um quarto da economia global e um terço do comércio internacional”.

O observador estrangeiro pode constatar, a olhos vistos, a procedência da análise do líder chinês.

Se, de um lado, há um claro arrefecimento na atividade econômica retratado, por exemplo, pela queda dos preços dos aluguéis comerciais em Shanghai, de outro continuam muito ativas as obras de infra-estrutura e de construções civis.

Os supermercados e lojas estão cheios de consumidores chineses e os aluguéis residenciais permanecem muito altos. Os preços dos alimentos estão estáveis. Empregos são ainda gerados, embora num ritmo mais lento do que o do ano passado.

A China parece bem posicionada não apenas para a superação da crise econômica, como também para ser o principal agente da retomada global.